Exposição “Sopro de Liberdade”

Exposição da autoria do Município de Albufeira dividida por três secções: “Testemunhos de Abril” composta por personalidades de Albufeira, “Presos políticos – Albufeirenses na prisão durante o Estado Novo” e “Cartazes de Abril nas ruas de Albufeira”. Nesta exposição, o destaque vai para a secção dos 55 albufeirenses, cinco dos quais mulheres, que foram detidos por serem voz e pensamento contra um regime de opressão. A Prisão de Caxias, a Cadeia do Aljube e o Forte de Peniche foram o destino destes homens e mulheres, mas um deles, José Simão, padeiro de Albufeira, foi detido por posse de um revolver de 9mm, em Almodôvar (01/05/1949) e foi condenado a 4 anos de degredo no Tarrafal. Escapou ao embarque para retorno a Portugal. Foi capturado e enviado para a cadeia do Aljube em 1946, tendo lá permanecido até 28/06/1949.

Outro desses presos políticos foi Joaquim Vinhas Cabrita, proprietário da fábrica de frutos secos Concentradora. Este albufeirense foi preso em Vilar Formoso, e enviado inicialmente para a cadeia do Aljube. Foi, entretanto, transferido para o Hospital de São José, onde aguardou até ter sido libertado. Esteve detido de 23/02/1938 – 31/12/1938. Joaquim Vinhas Cabrito veio a tornar-se num dos grandes mentores do Turismo em Albufeira, tendo sido o fundador do Hotel Sol e Mar. Como nota o albufeirense Abel M. J. Silva, nas redes sociais, “Joaquim Vinhas Cabrita construiu, ainda nos anos 50, a Residência Boa Vista, hoje Hotel Boa Vista [onde se alojou Paul McCartney nos anos 60], juntamente com uma vivenda, a norte, para sua residência particular, e quatro moradias, geminadas duas a duas, a sul, junto ao cemitério. Essas quatro moradias foram adquiridas por Cliff Richard, Shadows, Cilla Black e Frank Ifield. Aí também passou férias Tom Jones. Depois foi a invasão britânica e esses proprietários originais deixaram a nossa terra, com a exceção de Cliff, que ainda teve uma casa perto da Praia da Coelha, antes de comprar a Quinta do Moinho, na Guia.”

Todos estes presos políticos têm notas biográficas a ler atentamente, nomeadamente Vitor Cabrita Neto, que em novembro de 1997, foi convidado para Secretário de Estado do Turismo, cargo que ocupou até abril de 2002, nos XIII e XIV Governos Constitucionais de António Guterres, entre outros cargos políticos e diplomáticos. Natural da Guia foi capturado quando ainda era um estudante, pelo Posto de Vilar Formoso para averiguações, tendo sido depois transferido pela PIDE para o Depósito de Presos de Caxias, onde permaneceu apenas dois dias, de 17 a 19 de julho de 1963. A não perder.