“Desenhos da Prisão” de Álvaro Cunhal

No âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, o Museu Municipal de Albufeira irá apresentar a exposição temporária “Álvaro Cunhal – Os Desenhos da Prisão”, a decorrer entre 1 de março e 4 de agosto, publicados em dezembro de 1975 pela Editorial Avante.

Álvaro Cunhal, histórico dirigente do Partido Comunista Português e uma das maiores personalidades políticas e intelectuais do século XX, nasceu em Coimbra a 10 de novembro de 1913 e faleceu em Lisboa a 13 de junho de 2005, com 91 anos de idade. Na Faculdade de Direito de Lisboa, iniciou a sua atividade política, filiando-se no Partido Comunista no ano de 1931. Foi eleito Secretário-geral da Federação das Juventude Comunistas Portuguesas em 1935 e em 1936 passou à clandestinidade.

Para além da sua vida política, Álvaro Cunhal foi um respeitado e prestigiado intelectual e criador artístico que acreditava no poder transformador da sociedade pela arte. Como escritor destacou-se na área do ensaio e política, tendo sido também romancista, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1994.

No campo das artes plásticas, destacam-se “Os Desenhos da Prisão” executados a grafite ou carvão sobre papel, que denotam um dramático jogo de sombras/luz sob influências neorrealistas e um profundo conceito estético, aliado a uma preocupação muito grande do ponto de vista formal e social. Os desenhos foram realizados entre 1951 e 1959, nas cadeias da Penitenciária de Lisboa, onde passou sete anos, e do Forte de Peniche.

Este conjunto de 38 desenhos representam a sua forma de protesto na luta política, o sentido estratégico de combate, as agruras da prisão e o seu sentido crítico fortemente endurecido, enquanto, se encontrava isolado, sozinho, em condições terríveis de isolamento e de repressão muito violenta.